O menino começa a se mostrar no desejo de ser homem quando se investe em medir o tamanho de seu pau e, não contente, a convocar rivais e a confrontar o centímetro a mais ou a menos. Para ostentar que tem carta na manga e a medição provar quem possui maior força de ação.
É uma competição tipicamente masculina porque associada ao falo, o poder gerador da natureza humana e animal. Ambas as naturezas intimamente correlacionadas numa relação simbiótica e promíscua, já que ora a parte animal estupra o todo humano, ora a porção humana tenta pacificar a besta que nos habita e transfigura nosso rosto quando ficamos irados.
Todos os caminhos levam a Roma. Todos os caminhos buscados pelo homem almejam o poder para poder ser homem. E a primeira associação que o homem faz com o poder é através do pau.
Não se trata de se enfrentarem corpo a corpo e organizar a rinha para a briga de galo, no tira-teima de quem é o mais forte, onde peleiam cristas com espadas em punho. O que cada um quer é mostrar que sabe mais, é mais capaz, mais inteligente – algo a mais. Tem tudo a ver com exibicionismo, com a vaidade. Voltada para o público de sexo masculino, embora a preocupação de medir o pau, de princípio, seria para agradar as mulheres.
Quando é o homofóbico que revela maior interesse numa competição que não visa a pôr o pau na mesa para sobrepujar os adversários, apenas a se dar bem em toda e qualquer conversa. O mais esperto e o de maior visão. Um autocontrole de causar inveja e que demonstra um incomparável domínio da situação.
Só encontram paralelo nas mulheres que se acham mais do que os outros, em resposta a um tempo em que não tinham voz nem fala, quando se impuseram e se fizeram respeitar, não mais se restringindo somente à beleza e à vaidade. Contudo, não foram poucas as que se tornaram fálicas, no pleno controle do uso do clitóris, e que conseguiram meter o homem numa disputa ensandecida com elas, ao atraí-lo para medirem pau e ambos se destroçarem.