Aprendei a sacrificar a materialidade dos costumes em benefício da espiritualidade que deve estar presente no coração dos homens. Se Cristo assinalou: “Não acumuleis tesouros na Terra, pois são perecíveis, mas acumulai-os no Céu, onde são eternos”. Um hino de louvor à vida em espírito e a seus valores morais.
O homem é um eterno insatisfeito em seus desejos, nem sempre se contenta com o que tem. O necessário nunca lhe basta. Não sossega enquanto não se põe a correr atrás do supérfluo.
O que faz, então, a Providência Divina? Deixa-o entregue à sua própria sorte, à mercê de suas escolhas, tornando-se infeliz ao ignorar a voz interior que adverte sua consciência. Sofrendo as consequências a fim de que lhe sirvam de lição para o futuro.
Não se contentar com o que tem e se empanturrar de supérfluo torna-se um verdadeiro vício que deixa o ser humano cativo do desnecessário, vivendo exclusivamente da aparência e da superficialidade, quando não beirando a extravagância e o exibicionismo vulgar. Se Deus o criou sem roupas e sem abrigo, mas lhe deu inteligência para fabricá-los. Significando para bem usá-la.
Por vezes, se dá conta do acúmulo de coisas inúteis e sai a distribuir no seu entorno, como se fosse um Papai Noel, para baixar o estoque e logo se pôr a renová-lo para, ao final, descobrir que pouca valia o arsenal lhe trouxe.
Porém, não se contentar com o que tem pode se estender a não aceitar a família de que se originou, o criou e educou; não procurar se adaptar àquilo para o qual estudou; ao dinheiro nunca ser suficiente para pagar suas contas; a usualmente hesitar esperando um gesto beneficente em seu favor e se eximir da responsabilidade; e ao negar peremptoriamente a encarnação a que foi remetido – o pior dos mundos.