Esse é o grande problema do homofóbico. No fundo, ele deseja outro homem, mas não admite. No máximo, sendo ativo, mas para humilhar em quem penetra. Mas ao chegar perto de ser passivo no sexo, aí tem de matar o parceiro com o intuito de matar o desejo por dentro.
Para o desejo não se transformar em amor é necessário fomentar uma raiva que o faça mergulhar na insanidade de prosseguir, senão matando, ao menos batendo, espancando, surrando, agredindo, empastelando quem ouse dar em cima dos homens como se fosse mulher. Irrita um homem de barba querer arrancar um beijo de sua boca com o hálito próprio de um homem.
Só fazendo uso da violência para afastar o perigo de ser violentado. Sim, sua mente de estuprador o assombra com o pesadelo de um dia ficar à mercê logo de um homem para a vingança das mulheres se tornar perfeita – a paranoia completa.
O rumo que a violência toma não o assusta o bastante para refrear seus ânimos, face à sua acelerada transformação em monstro, mesmo que o leve a outra situação limite: a prisão.
De onde não poderá fugir do dilema e se entregar no cárcere àquilo de que tem horror por medo de gostar e amar mais do que os verdadeiros gays.
Pior, cair na devassa.
O homofóbico procura se antecipar à ameaça gay em sua mente, como um tormento que mais cedo ou mais tarde irá se consumar e desgraçar com sua vida, tentando cortar o mal pela raiz, atacando. Em sua visão, não confessada, se não tomar uma atitude, poderão desmascará-lo e obrigar o enrustido a sair do armário. E aí terá de vencer o desapontamento, a traição e o ódio que os seus intolerantes companheiros de homofobia sentirão do homofóbico que se converteu em gay.