Para o juiz Lewandowski confessar que o impeachment foi um tropeço na democracia é que foi muito mais. Muita economia conceitual. É a prova viva do ministro do Supremo que presidiu a sessão do Senado que cassou o mandato da presidenta: tropeço significa golpe, na sua magnitude maior. E não me venha com esse argumento, já desmascarado, de analistas relativamente incapazes cravando na pedalada a razão de ser de nossa crise fabricada, o que nos deixará mal para dissecar tamanha trama em nossos livros de História. Somente com o intuito de abocanhar esse objetivo de guerra política com que o obcecado Merval Pereira hoje se jacta: “a julgar pelas pesquisas, o PT sairá como o maior perdedor nessas eleições municipais”. Quando o responsável por isso, conforme o próprio Lewandowski reconheceu, foi o erro que o Supremo cometeu de não ter aprovado a cláusula de barreira, que permitiu a profusão de partidos e desorganizou o presidencialismo de coalizão, tornando o Poder Executivo refém do Legislativo – situação que já se prenunciava desde a gestão de FHC, que tomava a bênção do ACM (o Eduardo Cunha dos anos 90) para horror da Dona Ruth. Culparam a Dilma por nada ter feito para mudar essa realidade, quando isso é matéria de um Poder Legislativo intrinsecamente corrupto, que obviamente não tem o menor interesse em se autorreformar porque acha que, desse câncer, não morrerá.
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