O que está chamando a atenção na Operação Lava Jato é a atuação do juiz Sérgio Moro, mantendo presos diretores da Petrobras e executivos de empreiteiras meses a fio, até que aceitem o regime de delação premiada – exercício de coação legal? Sem que lhes seja garantido o sigilo legal que deve cercar suas confissões, sujeitas a vazamentos seletivos para a mídia, sob o beneplácito do jovem magistrado. Por outro lado, se esses corruptos fossem soltos, corria-se o risco de fuga deles para o exterior e principalmente de interferir num processo dessa grandeza e importância para o país, aliciando, subornando, corrompendo ou incinerando provas, pelo fato de terem se tornado ricos à custa de cartéis e de superfaturamento. O que obrigou o juiz Sérgio Moro a tratá-los como criminosos de alta periculosidade. Simples assim: os que não aceitam a delação premiada vão ser mantidos na cadeia e enfrentar condições carcerárias insuportáveis em se tratando de caixa alta. Celas de exíguos 12 metros quadrados na Polícia Federal do Paraná (construção recente), que encarceram quatro pessoas cada, sem beliches para todos, obrigando os restantes a dormirem em colchonetes no chão, sendo que alguns têm mais de 60 anos, e só fazendo jus a uma hora de banho de sol por dia. Obrigados a olhar um para a cara do outro o dia inteiro, com falta de privacidade até mesmo para fazer suas necessidades, visto que o vaso sanitário não é separado das camas por divisórias, sem contar o mau cheiro. O juiz Sérgio Moro já decidiu: ou é isso ou vão para o presídio estadual, sem ter recebido qualquer pedido de transferência ou reclamação formal das defesas. Até onde o juiz Sérgio Moro poderá avançar, imune a pressões? Ao enfrentar destemidamente o problema brasileiro da superlotação nos presídios e se já está assustando o Congresso com a tese super-herói de que ninguém está livre das garras da Lei. Já começa a intranquilizar a mídia, aturdida com a onda de vazamentos que campeia no mundo globalizado, e que poderá expô-la ao ridículo. Apesar da trajetória do magistrado evidenciar pontos de tangência com os interesses tucanos, que não pode dissimular. Até o momento, parece mais equilibrado do que o juiz supremo Joaquim Barbosa ao não se pronunciar em nome da parcela honesta da população. Difícil achar um cidadão isento ou imparcial no universo racional dos humanos.
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