O ministro Fux confirmou que usou o prestígio de José Dirceu (assediando-o moralmente) em inúmeros encontros para ser nomeado ministro do Supremo Tribunal. Mas, com a maior desfaçatez, salientou que não se lembrava de que ele era réu. Não que Fux devesse honrar a palavra firmada no acordo e inocentar José Dirceu. Mas bem quando lhe interessou, Zé Dirceu era o cara. Se trata da alta magistratura e da ética, dignidade e lisura com que disseram ter julgado o mensalão, sublinhando que o julgamento era juridicamente técnico e não político. O que comprovou não ser verdadeiro. Mas quem está interessado e a quem confiar a investigação da conduta de Fux ou as ligações de Gilmar Mendes com Cachoeira em sociedade com Demóstenes, se o próprio procurador Gurgel está comprometido? O que isso convém à mídia e ao distinto público que está satisfeito com o resultado do julgamento? Se ultrapassou todas as expectativas e gerou uma ponta de esperança em processar Lula, o que transformará os desdobramentos do julgamento do mensalão no maior julgamento de exceção já havido no Brasil. Exceção significa perseguir e condenar a todo transe quem ousou afrontar o establishment, a elite econômica e política de um país. Qualquer denúncia serve de pretexto ou, pelo menos, para alardear e ferir a reputação. De modo que a sociedade refreie seu ímpeto em resgatar mais cidadãos de sua linha de miséria e volte a se ocupar com aqueles que os antilulistas julgam que têm maior nível de instrução e condições de melhor taxa de retorno no investimento em educação. Para a turma que advoga a exceção, ter berço faz a diferença.