O mote do filme não é pura e simplesmente a expiação da culpa alemã diante do império do terror e do genocídio implantado por Hitler, mediante a adesão do povo alemão com muito amor, fé, casa, comida e dinheiro no bolso. Ou com muito medo e omissão, alegando cumprir ordens, senão seriam fuzilados ou virariam pó nos campos de concentração. Ou como a nação alemã irá resgatar esse carma, caçando e condenando, pura e simplesmente, os carrascos nazistas? Não, é partindo do princípio de que o fascismo não morreu e ainda se encontra presente, sob diversos disfarces. E nada melhor do que a Alemanha ter sido eleita, como expoente da filosofia no processo civilizatório, para sofrer essa dor, capacitada que é para examinar o ovo da serpente, o germe do totalitarismo que não tem complacência com quem se recuse a baixar a cabeça, diante de uma nova ordem, sem pestanejar. É travestir-se de apolítico, vítima das circunstâncias, fingindo não ter interesse sobre o assunto, mas com ganas de eliminar a classe política. É discriminar quem não nasceu em berço esplêndido e condenar à prisão perpétua os ignorantes de ofício. É demonstrar falta de humanidade com as pessoas broncas. É recusar-se a prestar assistência humanitária. Rejeitar com extrema facilidade. É ficar parado no tempo e no espaço, sem ânsias de evoluir. Relativizar sua culpa. É espantoso o número de serpentes que lêem e deformam a política ao nível de seus interesses e, portanto, de seu caráter. Confunde liderar com predominar e exercer influência com manipular.