A insatisfação das manifestações reflete-se sobre a classe política, tanto que os partidos já partiram para a lambança de tirar proveito da crise e atirar no inimigo – todos, sem exceção. Até o momento, o movimento é apartidário e culpa a classe política pelos desmandos na educação, saúde, segurança e mobilidade urbana. Se o povo não pediu nas ruas o plebiscito é porque não lhe ocorreu essa solução, mas que a melhoria da representatividade para resolver esses problemas passa pela participação popular, isso passa. De modo a ouvir como querem a reforma, o financiamento das campanhas políticas, enfim, como devem votar – seja em 2013 ou 2014. A aparente confusão demonstra uma busca angustiante por uma saída face à pressão popular, e não um caos. E daí que fosse um caos? Se a oposição e mesmo a maior parte do Congresso, abraçados aos juristas, fiéis depositários da elite econômica, respaldados pela velha mídia, não acreditam que o povo tenha nível de instrução para responder a diversos quesitos no plebiscito sobre a reforma. O matusalêmico preconceito: a incapacidade do povo de entender em virtude da complexidade do tema obrigar a perguntas complicadas. Nada que uma boa campanha de esclarecimento não possa solucionar tim-tim por tim-tim. O penoso e angustiante é saber quem escolher como seu deputado ou optar diante do quadro presidencial que se apresenta. Quer dizer que as pesquisas só servem para comemorar a queda da Dilma, e fechar os olhos quanto a cerca de 70% terem se manifestado em favor do plebiscito? É claro que o Congresso conservador, corrupto e fisiológico, com o aval dos juristas e da velha mídia, prefere apenas que o povo referende a reforma engendrada pelas raposas de forma a manter seu status quo atual e continuar a serem os legítimos prosseguidores da mentalidade da capitania hereditária – de só colher os frutos. E não enfrentar Lula na campanha plebiscitária.
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