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“O ORGULHO” – “A FESTA” – “PROMESSA AO AMANHECER”

A CRÍTICA DA CRÍTICA

Os três melhores lançamentos depois da Copa na Rússia. O primeiro, “O orgulho”, dirigido por Yvan Attal, exibe o melhor da cultura francesa num duelo entre um professor reacionário de direita, embora inteligente e sem papas na língua, e uma aluna universitária de origem muçulmana, igualmente disposta a se bater no terreno da dialética e da retórica, estando em questão a inserção no modo de viver na sociedade francesa e aceitar as regras do jogo. O segundo, “A festa”, dirigido por Sally Potter, em formato teatral exibindo o melhor da cultura inglesa através de um elenco que rende maravilhosamente bem, destilando o típico humor britânico, fino, irônico, surreal, nonsense, de fato, brilhante, com revelações que vão surgindo e se desdobrando em rumos imprevisíveis. O terceiro, “Promessa ao amanhecer”, de Eric Barbier, é uma adaptação do romance autobiográfico do consagrado escritor Romain Gary, cujo personagem principal, contudo, é a sua supermãe, que rivaliza com as exibidas nos filmes de Woody Allen. Em destaque, a excelência de uma produção francesa com reconstituição da época à altura da qualidade do filme, ao longo de sua infância na Polônia, da adolescência e dos anos de estudante na França, e a dura realidade como navegador em aviões durante a Segunda Guerra Mundial, depois que se asilou na Inglaterra – sempre discriminado por ser judeu. Romain Gary honrou seu acordo com a mãe tornando-se um autor famoso, herói de guerra, diplomata e não morrer em virtude de doença. Espiritualmente, sua mãe sempre zelou por sua alma para que ele desse curso em sua trajetória idealizada por ela, fosse viva ou já desencarnada, o que não impediu de Gary morrer infeliz com sua existência. Seria pedir demais se cumpriu todas as metas estabelecidas pela mãe.

 

Antonio Carlos Gaio:
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