Totalmente made in Dinamarca. Filme baseado em fatos reais, ambiente, personagens da época, na famosa casa de Rungstedlund, ao norte de Copenhague, no livro do qual se originou (“O Pacto”), no alter ego do autor (e também da famosa escritora Karen Blixen, com quem pactuou), dirigido pelo dinamarquês Billie August de “Pelle, o conquistador” (Oscar de melhor filme estrangeiro em 1989) e “As melhores intenções” (melhor filme em1992 no Festival de Cannes), este com roteiro autobiográfico baseado no primeiro casamento dos pais de Ingmar Bergman. O filme de 2021 é inspirado no romance “O Pacto” do poeta Thorkild Bjornvig, publicado em 1974, no qual narra a sua relação com Karen Blixen, em 1948, que é a autora do livro que deu partida ao filme “Entre dois amores”, que conquistou o Oscar em 1986 sob a direção de Sidney Pollack, com Meryl Streep e Robert Redford. Além de o conto “A festa de Babette” fazer jus ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 1987. Eles se conheceram no momento em que Blixen, com 63 anos, aproveitava da fama vinda de sua publicação, “A fazenda africana”, em 1937, quando ambos selaram um verdadeiro “pacto com o diabo”. A relação consistiria em Blixen libertar a mente criativa do poeta contanto que ele aceitasse a dominação e se submetesse às orientações da chamada baronesa. Há 17 anos, ela havia desistido da aventura na África e voltou para a Dinamarca com o intuito de dar vazão ao seu espírito maquiavélico e manipular o destino dos intelectuais de seu meio. Destruída pela sífilis e impossibilitada de amar, arrasada por ter perdido sua fazenda e o amor de sua vida, morto em desastre de avião, Karen Blixen vivia isolada e foi assim retratada como o diabo em forma de gente, frustrada com o que a vida lhe reservou, apesar de mundialmente famosa com sua produção literária. Fora-lhe subtraído o acesso à fantasia amorosa.
Deixe um comentário