O apóstolo Paulo já prevenia que se os missionários não podem se controlar é melhor casar do que arder em brasas com a paixão. 1.500 anos depois a Igreja Católica impôs a lei do celibato, como estuário da Inquisição, tornando os padres sua possessão e interditados a qualquer vínculo que não o com Cristo. Subestimando a importância da sexualidade, que incita o ser humano a transgredir e a sujeitar-se a desvios, tangidos pelo amor ou à sua falta. Levaram fé no sacerdócio, continente a Cristo o suficiente para não se preocupar com a renúncia à sexualidade. Mesmo porque a Igreja quis se livrar do encargo de manter as famílias de padres falecidos e não fazer valer seus direitos de herança. Fecharam tanto os olhos para as amantes do clero no encalço de uma ninhada de filhos, que não repararam nos primeiros sinais da explosão gay no século XX dentro das próprias instituições religiosas. Preocupados em varrer as cinzas do celibato para debaixo do tapete. Quando está na hora de aceitar o homossexualismo – o terceiro sexo.
Não existe uma relação direta entre o celibato e o abuso sexual, mas a opressão ao sexo puro e dos bons, reprimindo os mais profundos anseios e reclamos da alma humana, não podia dar bons resultados. Se os ascetas constituem uma minoria quase invisível no mundo, convergindo para uma vida espiritual e à disciplina e ao autocontrole do corpo e do espírito, em caminho sem volta em direção a Deus.
Difícil é igualar a trajetória do Reverendo Lawrence Murphy, cujas primeiras evidências de abusos sexuais remontam a 1955, na renomada escola St. John para surdos, na cidade de Saint Francis, em Wisconsin, nos EUA. O que não impediu seus superiores de o promoverem a diretor em 1963, por ser um homem capacitado para entender e comunicar-se com os surdos através da linguagem de sinais, além de demonstrar grande habilidade na arrecadação de fundos para a causa. Mostrando-se simpático, amigável e compreensivo, o sacerdote de rosto redondo sodomizou e molestou cerca de 200 alunos nos dormitórios, no confessionário, em excursões da escola, no seu gabinete, dentro de seu carro ou mesmo em sua própria casa. Os pais costumavam entregar seus filhos em confiança para a instituição educá-los, confessando sua incapacidade de lidar com a surdez. Murphy tirou proveito da omissão e da boa-fé dos pais, da credibilidade que o educandário gozava e dos meninos surdos que geralmente tinham dificuldades em falar, não podendo relatar as violações a que eram submetidos. Muito forte e poderoso, penoso escapar de suas garras, levando os pequenos a cobrirem as cabeças com cobertores ou a se esconderem debaixo da cama ou a se abraçarem e chorarem juntos, quando a fera se encaminhava em sua direção.
Causando tamanha indignação que ex-alunos confeccionaram cartazes com “Procura-se Lawrence Murphy”, equiparando-o a um facínora fugitivo da lei. Em 1974, foi transferido para outra diocese, abraçado ao vício de destruir anjos, prosseguindo na carreira de estuprar a inocência como agente ativo em rebaixar, ultrajar e desprezar seres carentes de boa formação.
Jamais denunciado à polícia ou à Justiça, ou mesmo objeto de excomunhão por esbarrar nos códigos de sigilo da Igreja, o padre pedófilo pediu clemência ao futuro Papa Bento XVI, então encarregado de investigar casos de abuso na doutrina da fé do Vaticano, para evitar um julgamento em vida, antes de morrer em 1998, aos 72 anos. E para que pudesse viver seus últimos dias na dignidade do sacerdócio.
Impressionante como um exército de homens guarda perfeita noção de seus atos imperfeitos, quando não nocivos, sabendo o que lhes espera à frente, mas ainda assim não reconhecem seus erros e não pedem perdão, mesmo sendo um padre pedófilo.
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