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“O PASSADO”

O Passado

“O Passado” é do mesmo diretor de “À Procura de Elly” e “A Separação” (Oscar de melhor filme estrangeiro em 2012), o iraniano Asghar Farhadi, dessa vez filmado em francês e afastado de questões islâmicas. Há que respeitar o cinema iraniano e a sua inteligência dentre a cultura muçulmana, mesmo porque, antes de Alá, foi um dos povos que mais marcou a História da Humanidade com o seu conhecimento na arte do saber e das conquistas. De novo, Asghar Farhadi nos surpreende com filmes que nos tiram da área do conforto, com o não poder brincar na arte de adivinhar o que irá acontecer nos próximos dez minutos, nesse caso vivenciado por duas crianças, uma adolescente, uma mulher e dois homens, sem formarem um triângulo amoroso. Todos os personagens são protagonistas, se não fora a beleza e a sensualidade de Bérénice Bejo (conquistou o César de melhor atriz em “O Artista”, o filme francês sobre o cinema mudo que ganhou o Oscar em 2012). Cada um defende seu próprio mundo em conflito com os que o antagonizam ou costuram uma saída com o único personagem disponível para ouvi-los e acolhê-los. Algo nunca visto antes em cinema é uma discussão sobre eutanásia, provocada pelo filho de 8 anos, que encostou o pai na parede para ele se posicionar e explicar o assunto, sem em nenhum momento perder a doçura da inocência de uma criança. A julgar por esses três filmes, Asghar Farhadi é um cara fantástico com um poder de observação sobre as entranhas do ser humano fora do comum. Como deve sofrer com a censura no sempre presente regime dos aiatolás no Irã!

Antonio Carlos Gaio:
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