Uma empresa tentou demitir uma funcionária por ela abusar da flatulência em local de trabalho. A intolerância do dito empresário dá a dica de repressão na infância a pretexto de uma boa educação. O que pode resultar em prisão de ventre, prejudicial à saúde, quando peidar é mais saudável. Se em público, depende da inevitabilidade. Como se fosse possível controlar o bombardeio a que qualquer um está sujeito seja qual for a hora do dia ou da madrugada. O patrão deveria ter se preocupado em incluí-la num programa de reeducação alimentar para sua digestão não incomodá-la, mas o falso educado ignora que, até nessas dietas, os gases são plenamente aceitos e consequência da mudança de alimentação, que reativa o sistema sonoro dos puns. Se são sutis ou estrepitosos, conforme o Tribunal Regional do Trabalho prolatou em sua sentença investindo contra a demissão, há que se lembrar que nem sempre os traques são indulgentes com as nossas convenções sociais, impiedosas com a falta de educação e a atitude de porco ou de baixo nível. Quando se trata de uma reação do aparelho intestinal à comida e bebida ingerida ou mesmo nervoso diante de uma responsabilidade que teme não dar conta – o vestibular, por exemplo. Como ajustar o volume do som? Da rajada de metralhadora que vem para matar de horror a todos? Difícil é optar pelo pior: se o cheiro do gás metano ou da podridão disseminada no nosso eu, ou se o fragor do ruído.