Mais do que evidente a existência de um complô do Poder Judiciário e do Ministério Público para matar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na cela solitária da Polícia Federal em Curitiba, onde se encontra detido como prisioneiro político desde 7 de abril de 2018, há mais de sete meses. Não basta somente sua morte como também a destruição de seu legado de políticas de inclusão, a despeito de nem assim ninguém conseguir acabar com o Bolsa Família, seja Temer ou Bolsonaro. A ideia é deixá-lo apodrecer na cadeia, em sintonia com o que já sugeriu Bolsonaro, conforme os processos vão surgindo e se acumulando contra ele. Asfixiando Lula – como já o fizeram à sua falecida esposa, Dona Marisa Letícia -, vítima de uma perseguição implacável, perversa, odiosa e criminosa, dia após dia, sendo de somenos importância se tem 73 anos e já passou por um câncer.
Juízes e procuradores de setores proeminentes do Poder Judiciário e do Ministério Público se encantaram com o projeto de poder que ajudou a eleger o ultradireitista Jair Bolsonaro e assim destruir a capacidade física e psicológica do ex-presidente. Para os mentores deste projeto, não basta banir Lula da vida pública. Querem eliminá-lo, pois nele identificam a força ímpar da resistência do núcleo do povo brasileiro.
O juiz Moro bem que conseguiu afastá-lo da disputa presidencial em aliança com Bolsonaro, de modo a fazer jus à convocação para seu ministro da Justiça. Em processo tramitado em alta velocidade em conluio com os desembargadores da 2ª instância para aumentar a pena de Lula e mantê-lo preso, sob vista grossa do Supremo. Apoiado na versão sem provas de Léo Pinheiro (OAS), que delatou obras em valor superestimado no tríplex de Guarujá (o MTST fotografou o apartamento chinfrim) que, por sua vez, se revelou não ser de propriedade de Lula, tudo sob o patrocínio de Moro para forjar o processo. Pinheiro seria recompensado por Bolsonaro, que entregou a direção da Caixa Econômica ao seu genro, Pedro Guimarães – nada é por acaso.
A juíza Gabriela Hardt herdou o legado de Moro e irá condenar Lula em 2019, em processo igual ao de Guarujá, senão mais ridículo, face ao que o sítio de Atibaia representa, também superestimado, de propriedade do filho de Jacó Bittar. Além do terreno comprado pela Odebrecht para instalar a sede do Instituto Lula, e que querem jogar nas costas de Lula por uma transação que não chegou nem a engrenar e, portanto, não houve.
Em sequência, surgiram, nos últimos dias, novas e fulminantes acusações contra Lula. Se escapar de uma, da próxima não passa. O Ministério Público de São Paulo denunciou Lula por intermediar negócios de uma empresa brasileira na Guiné Equatorial, quando teria recebido um milhão de reais em caráter de doação através do Instituto Lula. O juiz federal Vallisney de Souza, da 10º Vara Federal do Distrito Federal, tornou réus Lula, Dilma, Palocci, Mantega e Vaccari Neto, aceitando denúncia apresentada pelo ex-procurador da República Rodrigo Janot, em 2017, que os chamava de “quadrilhão do PT”, acusando-os de terem liderado, durante seus governos entre 2003 e maio de 2016, uma organização criminosa que lesou a Petrobras em 1,5 bilhão de reais ao longo de catorze anos, pagos em propinas pelas empreiteiras que tinham contratos com a Petrobras.
Mas isso não é tudo. Ainda não acabou. Que mais crimes Lula cometeu e ainda estão por descobrir? Ou ainda vai cometer encerrado na prisão? Na estratégia de enchê-lo com processos, atazanando seu espírito numa via-crúcis nitidamente kafkiana, procura-se esvaziar o mote da perseguição que Lula evoca em seu martírio, nele impingindo a maldição de Dostoiévski em diversas versões de “Crime e castigo”.