Um curso que ensina jovens de 14 a 17 anos a se masturbar direito, intitulado “O prazer está em suas mãos”, francamente, faz a Espanha de Picasso e Almodóvar nos deixar de boca aberta. Um perigo, pois promovido na sugestiva província de Extremadura, de passado compartilhado com Portugal, na antiga Lusitânia. Reconheça-se o propósito meritório de fazer o melhor com suas próprias mãos e tirar proveito do prazer, que tem o mau hábito de nos abordar sem pedir licença, nos momentos mais inconvenientes. Entende-se a finalidade no manuseio adequado: não mais esquentar a cabeça sobre o que é imoral ou não. Se as minissaias das universitárias descobrem o ponto G ou não. No frigir dos ovos, admitamos que há quem se masturbe mal. Nada que o amor não possa corrigir. Mas, e se o distinto estiver gozando da mais profunda solidão? Sem ninguém com quem dividir o sexo? Problema que se agrava sobremaneira por ser um tabu. Quando é a nossa felicidade que está em jogo. E todos estão convencidos de que o prazer está associado indissoluvelmente ao sexo. Quando o prazer é tão grande e infinito, composto de sensações inclassificáveis e indescritíveis que atingem o espectro da vida, que não podem se conformar no enquadramento moral. Mesmo que o prazer seja um rebate falso, uma mera ilusão.