O Prêmio Nobel da Paz foi para três mulheres, duas liberianas e uma iemenita. Leymah Gbowee comandou uma greve de sexo para persuadir os combatentes em guerra que matou mais de 200 mil pessoas na Libéria, de 1989 a 2003, até que concordassem em se sentar à mesa de negociações e pôr um fim em estupros, invalidez e assassinatos. O que estimulou o voto feminino e a participação da mulher na política, culminando com a vitória de Ellen Johnson-Sirleaf para presidente da Libéria em favor da paz. A terceira premiada, Tawwakkul Karman, defendeu manifestações pacíficas pela democracia mesmo com o estado de guerra em que se transformou o Iêmen. A primeira mulher árabe a receber o Prêmio Nobel, na sequência da Primavera Árabe, quando as antigas ditaduras da Tunísia, Egito e Líbia foram depostas sob o clamor popular diante da falta de oportunidades, do desemprego e da falta de liberdade. Conceder o prêmio a uma mulher islâmica quando o Islã tem sido sempre associado ao terrorismo radical e à intolerância? Fazer com que as mulheres tenham as mesmas oportunidades que os homens, especialmente no mundo árabe e na África? Usando o perfil e a imagem de três mulheres corajosas e lúcidas, o Prêmio Nobel foi justo e político. Para os nórdicos – por que não a Europa? – ficarem simpáticos perante Alá em meio à onda nazista que não tolera a imigração, assim como promover a democracia no lugar de regimes autocráticos, onde os homens, sem o menor pudor, misturam seus negócios com a religião. A exigência na igualdade de oportunidades embute o propósito de derrubar qualquer regime baseado em privilégios. O Prêmio Nobel não saiu de graça.
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