Nunca mais iremos esquecer do verdadeiro carnaval que se instalou na cerimônia de encerramento graças a Rosa Magalhães, cuja profissão de carnavalesca, mestre das artes do Carnaval, deveria ser mais reconhecida como os compositores da música clássica. Instalando no Maracanã um verdadeiro Sambódromo, ao qual todos os atletas se incorporaram, se juntaram e se mesclaram dentro do maior espírito olímpico. Nunca mais iremos esquecer de Taufatofua, porta-bandeira de Tonga, descamisado e besuntado de óleo conforme as tradições tonganesas, que pirou a cabeça das mulheres. Para esquecer a triste figura de Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, com seus discursos enfadonhos e gosmentos num inglês horrível de se ouvir, mal conseguindo virar as páginas face à forte ventania e aos tremores parkinsonianos. Nunca mais iremos esquecer da conveniente falta de memória dos eleitores do Aécio e da mídia em não reconhecer Lula com a medalha de ouro (Ancelmo Gois concedeu-lhe o bronze) por ter trazido, em 2009, as Olimpíadas para o Rio de Janeiro, graças a seu prestígio internacional e ao sucesso de seu governo, que elevou o padrão de vida e aumentou a autoestima dos mais pobres. Mesmo porque são profetas do caos e jamais pleiteariam sediar as Olimpíadas, obcecados em controlar gastos públicos e se restringirem à estreiteza dos orçamentos, sem visão econômica para o poder público, associado à iniciativa privada, investir alto para aumentar renda, emprego e impostos. Mas não souberam esconder o seu encanto e entusiasmo com o desfrute do maior espetáculo da Terra, ensejando a seguinte contradição que é para não esquecer: por força dos ingressos caríssimos nas Olimpíadas, só puderam assistir aos eventos esportivos in locum quem tinha alto poder aquisitivo, salvo honrosas exceções que cabe esquecer, o que é próprio de quem votou no Aécio em 2014, quis ir embora do país com o malogro nas urnas, e depois saiu às ruas para apoiar o golpe com a camisa da Seleção Brasileira. Outra contradição, essa de caráter autoritário: só aceitam a democracia no Brasil com os seus prepostos para bem representá-los no gerir a nação. Lá estavam todos eles, leves e fagueiros, a se divertirem na Disneylândia – Cidade Olímpica -, trajados com a jaqueta da Seleção canarinho e cantando “sou brasileiro, com muito orgulho”. Eufóricos com o seu patriotismo recém-descoberto e felizes por terem recuperado o seu Brasil, a comemorar os feitos expressos no quadro de medalhas.
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