O que realmente importa mora dentro de nós, é do nosso inteiro conhecimento e o que fazer do nosso arcabouço, estrutura, mente e espírito é nosso dilema, se, de um dia para o outro, as coisas podem mudar.
O tempo passa tão rápido que muitas vezes nem conseguimos notá-lo, e já se foi mais ano. Deixamos para depois muitas coisas que podíamos fazer agora. Como perdoar alguém, escrever uma carta e pedir desculpas. Como ouvir alguém que não leva muita fé e ela sinalizar como sair a salvo da tempestade em que se meteu. O tempo passa irredutível e inabalável às nossas dúvidas e receios. À compreensão de que nada conseguimos fazer, o que acaba por nos invadir com um tremendo vazio.
O vazio de alguma coisa ainda não escrita ou passada a limpo ou em vias de perder. O vazio pode se encontrar naquela mulher por quem é apaixonado, mas acredita que, na convivência, ela vá ratificar que o amor é cego. Ou em seus pais, que perdeu sem ter um diálogo à altura. Ou pelo fato de ter evitado filhos, com medo de não ser uma mãe melhor do que sua mãe. Insegura por não descobrir uma solução enquanto deixa passar os melhores anos de sua vida. Quando os sonhos não contemplam esperança no alvorecer de cada dia, a sinalizar que falta inspiração para escrever sua história.
Pelo menos, aprendemos quem somos de verdade ao olharmos para o nosso avesso e nos depararmos com o conjunto de nossos defeitos e imperfeições, ao invés de ficarmos procurando o sentido das coisas. Sentindo o peso de nossa essência, o que pode ajudar a tornar o peso do tempo mais leve.
Não há nada que dure para sempre, mesmo porque, a cada reencarnação, não somos mais os mesmos, ou até porque a vida continua para os que ficam, no caso de não lograrmos reinventar a vida. Afinal de contas, somos espíritos sujeitos a eternos fim e recomeço impermanentes, assim na Terra como no Céu, a lei universal que constantemente põe em xeque o nosso livre-arbítrio. Somos, sobretudo, o que nos doamos, uns para os outros.