O físico e cosmólogo brasileiro Marcelo Gleiser, radicado nos EUA, foi anunciado como o vencedor do prêmio Templeton, uma honraria já concedida à Madre Teresa de Calcutá e Dalai Lama. Uma espécie de Nobel da espiritualidade em razão do agraciado ter prestado uma contribuição excepcional ao longo de 35 anos para afirmar a dimensão espiritual da vida, seja por insights, descobertas ou trabalhos práticos. A espiritualidade é confundida com religião, se imaginarmos a religião como algo grande e institucionalizado, de tradição secular que se expressa através de rituais. Tanto quanto o ceticismo pensa que exclusivamente a cosmologia, que se preocupa tanto com a origem quanto com a evolução do Universo, de mãos dadas com a matemática, concentrada na busca pela perfeição de números e equações, podem chegar a verdades absolutas sobre o funcionamento de nossa existência. Só se for no papel de ferramentas úteis, tal como a medicina no tratamento de doenças que desafiam a capacidade de nossos medalhões. Pois os mistérios relacionados à existência humana são de uma tal infinitude e complexidade, que exigem outras abordagens, devendo a diversidade trabalhar em conjunto, umas se complementando às outras, e não mais serem excluídas a priori por puro preconceito com o imaterial, o abstrato, o domínio do silêncio em que cabem numerosas interpretações, tal como a nossa alma imperfeita e assimétrica que vai criando ao longo da encarnação uma visão própria da realidade. Demandando muita espiritualidade para entrar em contato com o invisível, que sequer sabemos quem são, no máximo fazer uma ideia, e esses generosos mentores propiciarem insights, verdadeiras inspirações de vidas, e sinalizar caminhos por prosseguir em nossa errática trajetória, aquietando nossa contumaz alma trânsfuga e hesitante.
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