Há longos e tediosos anos que a indústria de entretenimento nos EUA faz lobby para dar um Oscar de melhor ator a Leonardo DiCaprio. É melhor dar um logo, nesse papel de herói, pois já encheu a paciência da gente com tanta insistência, mesmo porque o melhor ator dos indicados é Bryan Cranston em “Trumbo”. Premiado ano passado com “Birdman”, o notável diretor Alejandro Iñarritu vai voltar à disputa dentre 12 indicações ao seu filme, com planos fantásticos do fotógrafo Emmanuel Lubezki de regiões inóspitas no Canadá e Patagônia, nas quais Deus teria esquecido de seu destino, se não fora sua beleza extraordinária. O filme é pura arte da sobrevivência, com dose excessiva de violência, sem ter muito o que dizer, em que se procura espremer, espremer alguma coisa da trama, e não sai nada de aproveitável. Tanto que a cena principal do filme é a do urso mordendo, cravando suas garras e afundando o seu peso no delicado corpo de Leonardo DiCaprio, que atira para matar e se defender da mamãe urso, que ataca para defender seus filhotes da gana dos caçadores de pele, em 1823. Predadores que nos últimos 300 anos invadiam a Natureza dos ursos e dos índios autóctones (imagine como não deviam ficar furiosos com os alienígenas), mas o mocinho do filme ainda continua a ser até hoje o homem branco, o galã, o Leonardo DiCaprio. Tanto que os negros continuam a ser discriminados na premiação do Oscar e se recusam a comparecer à cerimônia desse ano.