A ascensão de Dario a rei da Pérsia, em meados de 521 a.C., deu-se numa disputa com líderes que aspiravam usurpar o trono. Antes do amanhecer, todos cavalgariam juntos, ao longo da planície, em direção ao nascente. No instante em que o sol despontasse no horizonte, o primeiro cavalo que empinasse e relinchasse seria um sinal divino de que o seu cavaleiro deveria ser o imperador. Um acasalamento perfeito de Deus com o rei sol, através do reino animal, para conferir divindade ao soberano que iria reger o destino do povo. Cerca de 2.500 anos depois, o poder soberano do Irã são os aiatolás, que acabaram com a monarquia e o Xá da Pérsia em 1979. No entanto, ocupando seus espaços silenciosamente numa sociedade machista, ganha corpo a revolução que as mulheres farão num país predominantemente jovem, com metade do sexo feminino compondo 70% dos estudantes universitários. Adquirirão uma bagagem de conhecimentos que as fará serem respeitadas e evitar discriminações, como aquelas que as sedentas da moda da malhação enfrentam na polícia moral, que trata de colocar na linha as mulheres que não cobrem corretamente o cabelo com o véu. Carregando na maquiagem o pouco que podem mostrar, sonhando em alcançar o nível de beleza extraordinária de suas antepassadas. Deus criou a beleza para não esconder e ser privilégio de uns poucos que, com medo de perder a jóia, a manterá em cárcere privado.