Alguns silêncios ecoam tão alto que impactam por refletir maiores verdades que muitas palavras ditas ou mesmo escritas. Significam a necessidade de ser notado e pôr fim à indiferença natural ou forçada. O silêncio pode ser sintoma de saudade, de “sinto a sua falta, mas você resolveu me deixar por não querer te assumir, e não há mais nada por ser dito”; ou de ressentimento, “fui magoado por você, e em vez de revidar com palavras ásperas, eu lhe retribuo com meu silêncio”; ou querendo transparecer falta de interesse e desdém, “em paz, longe de você”.
Dentro do silêncio cabem inúmeras interpretações, e pode enlouquecer quem fica esperando só, com suas inquietações em ritmo de agonia. Quem muito se esconde, abafando as emoções, corre o risco de uma hora deixar de ser lembrado. Pois o silêncio, quando usado para ferir, perde a espontaneidade que o coração demanda para se constituir numa arma inconsequente da razão.
O silêncio pode repercutir para quem espera por uma resposta. Se não visualizada para transmitir à distância a reclamação ou a cobrança de alguém que costumava se fazer presente o tempo todo. O desespero pela impossibilidade de ir atrás de alguém que não quer mais ser encontrado.
Dispensar um silêncio demorado a outrem, assim como ser o alvo é o enclausuramento consequente das suas atitudes. O cárcere que resulta da incompatibilidade do casal ou da amizade ou da parentela em litígio. É permitir ser manipulado pela ausência de sinais. Mas também pode ser o empurrãozinho que faltava para o que espera virar o jogo.
Há que ter muito cuidado com o silêncio. Com o tiroteio que se desencadeia através do silêncio. Pronto para atingir, prejudicando o resgate do amor ou da amizade.
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