Não há motivo para comemorar a morte de Osama bin Laden. Ele foi ultrapassado pelos fatos: jovens que se insurgiram contra o autoritarismo nas nações árabes, centrando seu protesto na revolta com o rumo que sua sociedade tomou na economia, no emprego e na liberdade, pautada pelo fanatismo religioso. Eles não querem ficar à margem da globalização, dos avanços tecnológicos e do progresso material. A Europa está fechando o cerco contra a imigração e os jovens árabes e africanos não terão mais para onde ir em busca do conforto material. Por isso, derrubaram os regimes da Tunísia e do Egito e pretendem depor os do Iêmen, Líbia, Síria, Bahrein, Marrocos e Argélia. Assim como Bush conseguiu atrair mais ódio contra os EUA por ter bombardeado e ocupado o Afeganistão e o Iraque, bin Laden concorreu para deturpar os princípios sagrados do Alcorão e reacendeu as Cruzadas. O pior é que os EUA mataram um cachorro que já estava agonizando e agora teme que, exibindo seu rosto deformado por tiros, a massa muçulmana se levante em ira contra o império americano, de novo. Deixando em dúvida se Osama morreu ou não, ao ter decidido lançar seu corpo no inferno oceânico para que bin Laden não virasse um ícone como Che Guevara. Quando Osama já estava morto em vida, escondido como uma ratazana e entregue à sua própria sorte por força de suas escolhas. Se o sujeito desapareceu dessa vida, o ser humano não se satisfaz enquanto não forem exibidos os restos mortais da estranha criatura.