Você já pensou em despertar de um sono profundo no banco traseiro de um carro rolando ribanceira abaixo? Sendo um menino de 8 anos, que conseguiu sobreviver ao mergulho no abismo com o tornozelo quebrado, ao lado de sua irmã de 18, com fratura da coluna e da bacia. Ambos defronte à mãe de 48 e da irmã mais velha de 31, ao volante, que morreram na hora. A queda ocorreu numa dessas curvas da morte de nossas estradas, às 22 h de um sábado, sem que ninguém tivesse visto o veículo sumir na escuridão. Nem tampouco onde parou de capotar, por não ser visível aos que passam pela rodovia. Se não fora um lavrador, trabalhando numa fazenda próxima, de onde divisou o carro acidentado somente na tarde de 2ª feira, os jovens teriam morrido à míngua e ao frio do relento. 40 horas sem alimentação nem água, impedidos pelas dores de se moverem em busca de socorro. Causa mortis do infortúnio: a negligência peculiar dos brasileiros, quando visitam parentes ou amigos que moram 200 km, pra lá ou pra cá, e decidem voltar no mesmo dia. E acordar na terra dos pés juntos.