O sufismo é uma corrente mística do Islã que defende uma relação sem intermediários com Deus contrariando a política tradicional que exige a ação sacerdotal, ou do monge, ou do imã, ou do guru. Rumi, o Mevlana, nascido no Afeganistão nos anos 1.200, filósofo, místico, poeta e teólogo, dirigia um centro de sufismo quando, impactado pela dor provocada pelo assassinato de sua maior influência mística e determinante em sua trajetória, pôs-se a rodar em torno de um poste incessantemente no sentido contrário aos ponteiros do relógio. Esta seria a origem do movimento giratório celebrizado no ritual dos Dervixes Rodopiantes, que entram em êxtase na dança, submissos a Deus. A enaltecer a paciência, tão difícil com o stress em voga e o fato de não sabermos esperar a nossa vez. E a enfatizar, principalmente, a tolerância, que não deve ser confundida com amai-vos uns aos outros, de amplitude muito maior e de alcance mais difícil porque propugna a amar a seu semelhante. Já a tolerância implica em aceitar o outro tal como ele é, sem esboçar nenhum ato beligerante e melhor compreender as diferenças. Hoje em dia a tolerância está empenhada, mais especificamente, em derrubar as barreiras levantadas pela discriminação racial, caracterizadas pelo repúdio e distanciamento do próximo. E a minimizar os embates surdos decorrentes das diferenças de nível econômico, mesmo que não seja entre pobres e ricos. Por não compartilharem dos mesmos gostos, hábitos e atitudes. Só girando os dervixes para atrair com a mão direita a energia de Deus, que atravessa o corpo para ser oferecida aos homens de boa vontade, através da mão esquerda.