É verdade que as novas redes de comunicação tornaram o debate público mais aberto e democrático, mas, por outro lado, a opinião passou a valer mais do que o saber ou do que o conhecimento puro e simples, parecendo dispensável algum tipo específico de qualificação ou de preparo para participar de um debate. Basta ocupar um lugar privilegiado nas redes sociais para lhe conferir autoridade. Ou seja, baixou o nível e foi dada voz de comando a quem, tempos atrás, só era ouvido numa mesa de bar, e mesmo assim, bêbado. Aumentaram, em consequência, os discursos autoritários e as ameaças ditatoriais, ferindo diariamente a representatividade da democracia. Assistimos a frequentes irrupções de um irracionalismo feroz que autoriza uma pessoa reconhecidamente ignorante e prepotente a defender o nazismo no seio da democracia. O direito de querer ser continuadamente idiota é legítimo, mas não de defender um regime que irá aniquilar as pessoas notadamente mais esclarecidas, que empunham bandeiras antirracistas e que não costumam falsear os fatos ao disporem da liberdade de expressão. O idiota acusa os mais cultos de impor sua opinião, muito embora Sérgio Camargo, presidente da Fundação Cultural Palmares, voltada para promoção e preservação da arte e da cultura afro-brasileira, tenha difamado a memória do congolês Moïse Kabagambe, assassinado num quiosque na Barra da Tijuca, com a afirmação: “Foi um vagabundo morto por outros vagabundos mais fortes”. O negro Sérgio Camargo disse que a cor da pele nada teve a ver com o brutal massacre à base de pauladas, determinantes foram o modo de vida indigno e o contexto de selvageria no qual o congolês vivia e transitava: “Isso não faz dele um mártir da luta antirracista, nem um herói de negros”. Quando, por trair miseravelmente a causa negra e se prestar a qualquer trabalho sujo, Sérgio Camargo é o maior vagabundo de todos no circo de Bolsonaro, só não superando o seu mestre maior. Verdade que, se Bolsonaro sustenta esse vagabundo no cargo até hoje, é porque também é racista ou, então, quer manter o povo alienado, na ignorância, distante de se conscientizar quanto à discriminação racial e de engrossar protestos.
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