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HOMENS JOGADOS FORA

Os incuráveis são umas verdadeiras lesmas que levam mil anos para se curarem do apego à mulher que não os quer mais, acusando-a de os terem traído. Não aceitam ser abandonados e ficarem à mercê de sua própria sorte. Jogados fora. Quando não usam de violência para tentar impor sua vontade ao verem arranhados seus padrões de virilidade. Cada vez mais assassinam na medida que ela descobre que com outro homem vai ser mais feliz. Os covardes eliminam, deformam e impõem cárcere privado porque sabem que lugar de passarinho não é na gaiola, amor a gente encontra nos lugares mais inesperados.
– Por que é que você me escolheu? Que é que você queria de mim? Que é que vou fazer com tanto amor? Que é que a gente faz com tudo isso? Olha no que você me tornou.
O potencial negativo que o ser humano mantém armazenado em sua alma. Com a rudeza dos dias a lhes estragar a aparência, envergonham os filhos com seu ciúme psicopata. Não admitem serem trocados depois que fundaram uma família com seu sêmen. Esse abalo nos valores morais que sustentavam privilégios repercute no sistema imunológico másculo. O câncer na próstata adquire uma dimensão maior e ameaça a integridade do homem ao mesmo tempo em que aumenta sua vida útil.
Não se apercebem de que quando o amor acaba não existe traição. Por mais quanto tempo permanecer nesse inferno entre quatro paredes enquanto o mundo desaba sobre as cabeças do casal? Quanto mais irá aguardar para ser soterrado? Não existe compromisso com a causa do casamento. Você não pode passar a vida em branco sem se sentir amado, quando não maltratado. Se precisa de alguém doce e meigo, para que perder tempo com quem não fala seu idioma?
O amor é o fio condutor da vida, o sentimento de traição é o próprio espírito de obsessores, frustrados por não terem conseguido despertar fascínio, magia e encanto. O espírito de ser considerado o segundo, o primeiro dos últimos. De ficar em segundo plano e derivar para a segunda classe. De ter que ceder para a mulher e admitir que ela também pode “costurar para fora”, na contrapartida da insatisfação com a relação. Ao menos, que o faça bem-feito, de forma que dê a impressão de que os incuráveis ainda são pole-position. A fotografia fiel de que a histórica condição subalterna da mulher trocou de vítima e causa estragos na auto-estima masculina, outrora pujante e confiante.
Os incuráveis se desesperam porque irão passar o Natal sozinhos, ao serem destituídos progressivamente da chefia da família.

Antonio Carlos Gaio:
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