Ronaldo, o bom garoto no coração do torcedor. Deus foi tão generoso em incluí-lo numa galeria de notáveis, ao lado de Pelé, Garrincha, Romário, Tostão, Gerson, Didi, Rivelino, mas com os joelhos, faça-me o favor! Começou com dores após as partidas, seguida por um surto nervoso que interrompeu sua brilhante atuação e o tirou da final com a França, em 1998. Dois anos depois, o mundo inteiro viu seu joelho direito sair do lugar e sentiu a força do destino implacável.
Dado como acabado, renasce das cinzas como herói e conquista a Copa de 2002, no Japão, tornando-se um personagem digno de lendas.
O menino pobre de Bento Ribeiro, que iniciou a jogar pelo saudoso São Cristóvão, reverte as origens para se transformar num príncipe e realizar o sonho de Cinderela ao casar-se com La Cicarelli, num castelo francês recheado com creme de chantili. Engorda de felicidade.
Em 2006, esnoba Lula ao afirmar que peso não é problema num selecionado de galácticos. E foi. Virou um peso morto com 10 kg acima do desejável e a nova eliminação pela França se somou ao insucesso de Zico em três Copas do Mundo e ao do goleiro Barbosa em 1950, na coleção dos maiores fracassos do futebol brasileiro.
Deserdado da seleção por Dunga e acusado de trocar a noite pelo dia, aos 31 anos, estoura a rótula do joelho esquerdo, quando já acusava o excesso de trabalho para fortalecer a estrutura muscular com sucessivas distensões. Não durou mais do que dois minutos que entrou em campo, sem sequer tocar na bola ou esbarrar no adversário, para o conto de fadas de sua vida ter o toque de bruxaria.
O Fenômeno sempre tirou alegria e felicidade do futebol para dar de presente ao povo, que o tinha como ídolo e agora sofre por um retorno improvável com os olhos marejados de lágrimas, solidário na dor. Todos choram. Guga, que se retirou das quadras de tênis, Romário, que custa a aceitar se despedir dos gramados, e aqueles devotos de histórias da carochinha: agora que os joelhos de Ronaldo estão refeitos, só falta os músculos corresponderem.