Se são poucos, alguns ou acima do esperado, é irrelevante diante do impacto da afirmação de Eliane Calmon, corregedora nacional da Justiça, que abalou, sobretudo os homens de capa preta que se julgam intocáveis e inimputáveis. Em 6 anos de atuação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), 50 condenações de magistrados a penas diversas, como aposentadoria compulsória, excetuado mexer no bolso de vossas excelências. O Poder Judiciário não é submetido ao escrutínio popular a exemplo do Legislativo e do Executivo. É apenas controlado pelo CNJ, uma espécie de ouvidor do cidadão brasileiro, com poder de investigar juízes como Heliana Hess, de Campinas (SP), que despachou seu próprio pedido de anulação de uma multa de trânsito. Mais uma vez o corporativismo se manifesta no Brasil para esvaziar os poderes do CNJ e fazer com que o Judiciário volte a ser uma caixa-preta, ao provocar o Supremo Tribunal Federal para entrar nessa guerra e tomar partido. Já que a decisão definirá a postura de cada juiz supremo quanto à impunidade na magistratura, se abrir caminho para que as denúncias sejam julgadas no foro onde os juízes acusados dão as cartas. Como a refrega repercutiu mal perante o público acostumado a lutar pelos seus direitos, o Supremo fugiu da raia. Sinal de que iria decidir, mais uma vez, na contramão dos anseios de justiça da coletividade – em prol do emprego habitual do legítimo e constitucional direito de defesa de forma velhaca, abusando do tecnicismo jurídico e protelando o senso de justiça a não mais ver. É sinal também de que podem buscar uma solução de consenso em recinto fechado e fugir ao espírito de cada cabeça, uma sentença, para salvaguardar as aparências, demonstrar equilíbrio e manter a hierarquia. Quem disse que o tribunal não é uma entidade política?