Acendeu-se um rastilho de pólvora em países muçulmanos, fartos com ditadores que se fazem de presidentes e se eternizam no poder. Começou na Tunísia com Ben Ali, 23 anos à testa de negócios corruptos com o objetivo de dominar toda a economia tunisiana estimulados por sua insaciável esposa, a madame Trabelsi. Fugiram para a Arábia Saudita, tiveram os bens bloqueados na Suíça e estão sob ordem de extradição requerida. Seguiu-se Mubarak no Egito, quase 30 anos como faraó, mergulhando o país numa pobreza somente vista na Índia antes de sua emergência, perante um aparato policial de 1,5 milhões de agentes para uma população de 83 milhões de pessoas concentradas na área fértil do rio Nilo, que abrange 5% do território. Chegou a vez do Iêmen, que quer depor o presidente Saleh, 32 anos à sombra da Arábia Saudita. O povo iemenita não aguenta mais assistir todos os anos milhares de universitários se formarem e não conseguirem emprego, enquanto as autoridades e seus filhos ficam com tudo. Localizada na Arábia Saudita, Meca, a cidade sagrada do islamismo, não deve mais estender seus braços e conceder refúgio aos inimigos do povo árabe. O que está em jogo não é só uma maior democracia, que habitualmente falta, e muito, nas nações fiéis a Alá, e sim ouvir os mais jovens em suas reais necessidades por se constituírem o futuro de sua gente. Contudo, o caráter da sociedade composta de muçulmanos é patriarcal; em tom de respeito, ouvem os mais velhos. Receiam que a juventude, sem juízo firmado e na sua afoiteza, atropele seus arraigados princípios morais.
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