Os homens são uma verdadeira piada, ainda mais quando têm uma mulher como adversária. Se Dilma resolve mudar a tática de paz e amor que não lhe permitiu liquidar a fatura no 1º turno e partir para o ataque, é porque se tornou agressiva e isso costuma dar maus resultados. “Ôôô, ôô, gente estúpida / Ôôô, ôô gente hipócrita”, segundo Gilberto Gil. Querem sempre engessar a mulher no lugar comportado e reprimido reservado para ela, que deve obedecer e se restringir, sem dar um pio. Como se já não bastasse aflorar a face inquisitorial que ainda não morreu em instituições e cidadãos, que só alcançam o orgasmo em linchamentos públicos. Colar a imagem de agressiva na Dilma significa dizer que é uma mulher hostil por ter pretendido derrubar a ditadura militar apoiada pela maioria de seus críticos e de não combinar com os valores cristãos de quem já mandou abortar inúmeras vezes sem maiores dramas na consciência. O país da conciliação que mal disfarça a hipocrisia e evita o confronto a todo custo, mesmo às vésperas de eleger um presidente para os próximos quatro anos. Há que prevalecer o falso equilíbrio em detrimento de aprofundar a crítica. É mais um encargo para a mulher, dentre tantos: ela não pode perder a calma, não ousar desafiar, tem que ser fingida, rasteira e verme, como os homens o são habitualmente na política. Serra é tão conservador e retrógrado que quer continuar no melhor dos mundos para os homens, mesmo tendo enfrentado Dilma e Marina.