Kathryn Bigelow foi a primeira mulher a ganhar um Oscar de melhor direção, em 2010, por “The Hurt Locker” (Estado de Terror), um filme que ninguém viu ou se lembra, derrotando o excelente “Avatar”, de seu ex-marido James Cameron. Quem sabe se não teria sido mais merecido conquistar a láurea em 2013 com “A hora mais escura”? Mas o seu filme sobre a caçada a Bin Laden repercutiu mal nos setores mais conservadores, desses que nada fazem para impedir chacinas em estabelecimentos escolares americanos. Há cenas em que agentes da CIA torturam prisioneiros para tentar descobrir o paradeiro de Bin Laden, o que colocou em pé de guerra diretores da própria CIA, a direita encarnada no Partido Republicano, militares e grupos armamentistas que rotularam o filme de mentiroso e leviano. A indústria do cinema teve de se render ao militarismo imperialista que reina e manda no paradigma de democracia que são os Estados Unidos perante o mundo. Essa hipocrisia é a mesma que se constata aqui no Brasil na militância anticorrupção.