Ser padre é uma profissão de fé. Conscientemente opta pela Igreja. Tem que ter vocação. Fazer voto de pobreza. Ajoelhar e jurar de pés juntos sua devoção e fidelidade à instituição. Não dá para abandoná-la e reivindicar seus direitos na Justiça do Trabalho, com o argumento de que anos de dedicação exclusiva e trabalho gratuito caracterizam vínculo empregatício e faz jus a FGTS, indenização e contagem de tempo para aposentadoria. Reger a vida religiosa pela CLT? Se o Papa não é patrão! Certo? Não. Porque não trabalham de graça e o sacrifício do missionário é remunerado segundo a política salarial do Vaticano, que é segredo de cocheira. Não se trata de um serviço voluntário, e sim de uma relação de emprego que consome horas subordinadas a missas, batizados, primeiras comunhões, casamentos, bodas de ouro, extremas-unções e confissões, necessitando da cobertura da lei para salvaguardar os direitos trabalhistas dos pastores de Deus. Acabaram-se os tempos de amadorismo; somos hoje movidos a profissionalismo, eficiência e rentabilidade, e a Igreja, como a maior multinacional do mundo, não está excluída de suas obrigações, se quiser sobreviver ao implacável capitalismo que impera no planeta.