A carta de Palocci trocada em miúdos. Não é hora de exigir provas de Palocci para acusar Lula – por sinal, é o que mais falta; já quanto a delatores ou traidores ou cabo anselmo, é o que mais abunda. O momento é de engabelar (o forte de Palocci) Moro com acusações a Lula de todos os gêneros e assim cativar o juiz. Com uma carta que Moro adoraria subscrever, se não pertencesse à magistratura. Compara o PT a uma seita e Lula a uma pretensa divindade. Envenena a memória de Dona Marisa acusando-a de acobertar o suposto patrimônio de Lula, que não ombreia nem de longe com as propriedades de um Cabral, Aécio, Temer, marajás da Petrobras ou mesmo Palocci. Desmerece as conquistas sociais dos governos petistas, retribuídos com quatro mandatos, para navegar no terreno pantanoso do proselitismo sobre a corrupção. Quando o que se lembra de Palocci é não mais do ministro da Fazenda que ganhou credibilidade no primeiro mandato de Lula, e sim dele ter quebrado o sigilo de um caseiro para não ser incriminado num encontro furtivo com lobistas, e ter aumentado seu patrimônio em 20 vezes com um apartamento de 500 m² nos Jardins, em São Paulo, graças às suas consultorias fajutas. Nele se aplicando a máxima: só lutam por uma causa quem tem valor, os que brigam por interesse têm preço. Palocci não tem a envergadura moral de um João Vaccari Neto, tesoureiro do PT, que ficou por dois anos na masmorra de Moro, e que agora foi inocentado em duas das quatro condenações, em segunda instância. Por não existirem provas contra ele, apenas delações premiadas. Vaccari não cedeu à destruição de sua vida e à perseguição de sua família, não traindo ninguém e suportando o viés inquisitório da máfia da farsa a jato. Palocci partiu para empreender em sociedade com Moro o desmonte moral da mais expressiva liderança popular que o país já conheceu em toda nossa História. Palocci se prepara para encarnar Mefistófeles, personagem satânico da Idade Média, bem a propósito da caça às bruxas que estamos vivendo no Brasil. A Lula foi reservado esse terrível destino, a que não pode se furtar, pois próprio do David contra Golias. Vai para o sacrifício ou glória.