Novo escândalo surgiu no seio da Igreja Católica, depois do surto de pedofilia, de caráter endêmico. Agora, na Irlanda, um dos países de maior fervor cristão do mundo. Atrocidades que vêm desde os anos 30 do século XX, perpetradas em milhares de vítimas que hoje têm entre 50 e 80 anos, objeto de abusos praticados por educandários, orfanatos, albergues e outras instituições católicas voltadas para crianças e adolescentes. Lá eram deixadas por mães solteiras ou pobres, sem terem cometido qualquer tipo de crime, mas a sinalizar para os padres que era preciso cortar o mal pela raiz. Em ambientes de terror, influenciados pelo caráter da Inquisição ainda presente, procurava-se emendar o provável futuro ladrão com surras de cinto, agressões físicas, ofensas, privação de comida e uma coleção interminável de penas severas. Não sem chantageá-los com frequentes violações sexuais em troca do bom comportamento; ai de quem abrisse a boca – um tabu. A maioria das instituições foi fechada nos anos 80 e 90, acobertando castigos duríssimos e abusos sexuais, executados de forma sistemática por padres e freiras. Ninguém será punido, mesmo porque a maior parte já está se defrontando com a visão dos traumas e do medo que causaram aos internos. A pior hora: enfrentar os desatinos no despertar da consciência, no lugar onde estão. Lembrar-se-ão do drama dos que dependeram de sua proteção e amparo.