O Papa Francisco passou uma descompostura completa em seu Concílio em sessão aberta para a imprensa, em plena época de Natal. Foi uma longa e inspirada intervenção ao elencar as 15 principais doenças que ameaçam a Cúria Romana e a evidenciar que, por favor, não contaminem mais a saúde do Vaticano! Em suas palavras, como qualquer corpo humano, a Cúria sofre de infidelidades ao Evangelho e de doenças que precisa aprender a curar. Tais como o Alzheimer espiritual – a perda da memória de Deus. O complexo dos eleitos, dos que se sentem superiores a todos, em que uma simples visita ao cemitério bem pode ajudar a colher vários nomes de pessoas que se achavam imortais, imunes e indispensáveis. A esquizofrenia assistencial daqueles que vivem uma vida dupla, dedicando-se a assuntos burocráticos da Igreja sem entrar em contato com a realidade das pessoas, criando, assim, um mundo paralelo e uma existência escondida, muitas vezes, dissoluta. A doença gravíssima da rivalidade entre os membros do clero, quando a aparência, a cor das túnicas e as insígnias de honra se convertem em objetivo prioritário de vida. O terrorismo das fofocas, calúnias e intrigas. A cara de enterro de certos padres obscurecendo o ser amável, sereno, alegre e entusiasta que devem encarnar. O exibicionismo mundano de quem transforma seu serviço em poder e seu poder em mercadoria para obter vantagens, e mais poder. A acumulação de bens materiais. A indiferença com os demais em que cada prelado pensa apenas em si e desperdiça o calor das relações humanas, restringindo-se a seres estáticos e inamovíveis. O endurecimento mental e espiritual dos que têm um coração de pedra e perdem a sensibilidade humana e a capacidade de amar o próximo. O Papa Francisco lembrou São Francisco de Assis quando era apenas um jovem andrajoso, contestando a pompa do papado de Inocêncio III, ao alertar sua cúpula: “os padres são como os aviões: quando caem, vão para a primeira página do jornal”. Foi como se tivesse feito uso de uma funda para lançar uma pedra e partir ao meio o quengo dos cardeais, de modo a eles fazerem autocrítica e se atualizarem. Na saída, ao se dirigir aos populares que se aglomeravam em busca da bênção de Natal, pediu perdão por seus erros e os de seus colaboradores, sem esquecer dos escândalos que tantos danos o meio eclesiástico causou.
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