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PAPA-GOIABA

A omissão de Rosinha na Rocinha na Sexta-Feira Santa, no confronto entre os traficantes Dudu e Lulu – substituído por Zarur -, se deveu ao seu estado de saúde. Anemia política. O estresse evidenciou a materialidade do ilícito, a jovem senhora já foi internada uma unidade de vezes. Preocupante, em nome de uma cidade que todos amam à primeira vista. É bem verdade que a excelente comunicadora se desidrata ao sabor de dietas anacrônicas que mal adiantarão por se originar de Campos, a terra do chuvisco, melado, rapadura, bom-bocado e da goiabada cascão – a preferida do Garotinho, que desistiu dos regimes e consolidou-se no Bolinha, ao imitar César Maia em trocar de partido tanto quanto Romário se persigna ao perder gol. A única diferença é que o Kaiser, em função de suas companhias, deixou de ser identificado como cria do Brizola – considerado o responsável pelo desgoverno que se disseminou pelas favelas, o seu carma.
Pois bem, está na cultura da Rosinha a obesidade – o mal do século XXI depois dos aditivos químicos -, cevada em nove filhos, a noviça rebelde da família dó-ré-mi que alimenta a grande cisão que começa a crescer que nem fermento. O enfrentamento entre as elites formadoras de opinião – assim elas se crêem – e a tropa de choque do antigo Estado do Rio em oposição à Guanabara, do interior versus capital, da dupla caipira – em São Paulo não é ofensa e sim motivo de orgulho – azucrinando a Cidade Maravilhosa. E quem não gosta do Rio, a aquarela do Brasil, bom sujeito não é.
Acéfala é tudo que não queríamos para a cidade dos encantos mil, embora Garotinho seja o governador de fato do Rio de Janeiro, prestando Rosinha um desserviço à causa da mulher chefe-de-família que banca a criação de suas crianças e adolescentes e os procura educar nessa selva sem princípios, onde bandidos as aniquilam sem dó nem piedade para com seus filhos.
Mas se esses inconseqüentes já não têm pai e mãe perante a sociedade, que diferença faz? Ganhar apoio na orfandade mais abastada, gerando o caos na família ao atrair bobos alegres criados sem limites por pais superprotetores, e provocar a dissolução nos costumes e a desorganização que implica na quebra de hierarquia sobre a qual se estrutura a sociedade: o princípio da polícia para podermos viver em paz e não retrocedermos aos tempos em que exigíamos as cabeças cortadas de goitacazes e tamoios, a exemplo do presunto do traficante transportado de carrinho de mão para o rabecão.
Os papa-goiabas em xeque. A ressurreição de lacerdistas no front da erradicação de favelas, a Barra da Tijuca ficou ilhada. A maquiagem do Conde – ou do Kaiser? – na urbanização de favelas através de recursos do BID foi um tiro n’água. Funcionando ou não, os CIEP não fizeram a cabeça dos afro-cariocas, perguntem pro Zé Dirceu para onde foi o socialismo. FHC culpabiliza o usuário, até ele se esqueceu do que escreveu e aprendeu em sociologia a respeito de usos e costumes. Anônimos tabagistas, alcoólatras, neuróticos, uma massa de desempregados, os inadaptados ao grau de civilização atingido, se tivessem voz ativa explicariam melhor.
Só assim o brasileiro abandona sua inércia de Macunaíma em bem cumprir seu papel de mantenedor da situação conforme se apresenta, diante da ameaça profetizada: o dia em que o morro descer e ocupar, o MST é o trailer desse filme. Muda antes que a população passe por cima da cabeça do presidente e dos poderes constituídos. O panorama do Rio visto do Corcovado não deixa margem a dúvidas.

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Antonio Carlos Gaio
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