Filme concorrente ao Oscar de melhor filme estrangeiro (hoje chamado filme internacional) pela Argélia, dirigido por Mounia Meddour, no qual uma estudante universitária, para ganhar algum dinheiro, desenha, costura e depois vende roupas em banheiros de baladas. Desafiando a opressão do governo argelino (melhor dizendo, do mundo árabe) – papicha significa a moda como expressão política. Ela sonha em ser uma grande estilista e em organizar um desfile de modas na Argélia dos anos 1990, tomada pela Guerra Civil, em que o fundamentalismo religioso emerge mirando especialmente nos costumes que consideravam liberais demais, se posicionando contrário ao não uso do hijab e ao ensino nas universidades que oferecem aulas em francês. Mulheres que assim atuavam eram assassinadas por milícias femininas (e nós reclamando do Bolsonaro!). O filme consegue fazer você entrar no drama dessas mulheres, se sentindo aterrorizado, asfixiado, enterrado vivo, querendo fugir desse planeta assustador. O casamento a elas proposto era para propiciar a segurança do marido (um miliciano em potencial) e ela abrir mão de suas perspectivas no futuro. A abordagem no meio da rua a essas mulheres consideradas feministas visava o estupro e a colocá-las no lugar de prostitutas. Um filme que envergonha os homens, se o desconfiômetro deles estivesse ativado.