Para onde vão os espermatozoides, se o corpo masculino continua a produzi-los numa quantidade incrível de cerca de 300 milhões por dia, mesmo depois que a vasectomia passa a impedir a liberação de espermatozoides durante a ejaculação para evitar uma gravidez indesejada?
As células sexuais masculinas são criadas dentro dos testículos em um processo chamado de espermatogênese, que leva de 65 a 75 dias. Após seu desenvolvimento, os espermatozoides vão para um tubo estreito chamado epidídimo para treinar suas habilidades quanto a “nadar” de modo a ganhar a “corrida” até o óvulo. Quando totalmente maduros, eles são conduzidos até o ducto deferente (túnel que conecta o testículo à uretra no pênis). No ato da ejaculação, os espermatozoides saem do corpo masculino junto com o sêmen, uma mistura de secreções formada pela próstata e vesículas seminais. O objetivo é ajudar o esperma no seu deslocamento até o útero.
A vasectomia consiste no corte dos ductos deferentes, com os médicos recomendando esperar aproximadamente 12 semanas para que os dutos estejam completamente vazios de espermatozoides. Em média, são necessárias 20 ejaculações para limpar completamente o canal, desde que complementado por um espermograma para pesquisar se ainda sobrou algum espermatozoide mais esperto. A partir daí, as futuras ejaculações virão compostas de fluido estéril, ou seja, sem capacidade de gerar gravidez.
A vasectomia é semelhante ao que ocorre quando não se tem ejaculações com frequência ou se instala um longo período de abstinência ejaculatória, no qual o epidídimo reabsorve os espermatozoides envelhecidos, evitando que ocorra um aumento exagerado no local.
A remoção de espermatozoides que já passaram do auge é um processo vital e contínuo. A reciclagem garante células íntegras em ótimas condições para embarcar em nova e longa corrida até o óvulo.
Para onde vão os espermatozoides se a excitação sexual não resultar em ejaculação em todo esse processo que comanda a reprodução da vida humana e propicia as coordenadas do prazer? Se existe excesso de espermatozoides, tendendo à sobrecarga.
Saem pela urina, ou melhor, se auto eliminam, se é que eles sejam donos de seu destino, a julgar pela responsabilidade que carregam. Se é que já não morreram na porta de entrada do útero, quando ainda muito ativos, e não fecundaram.
Que papel rigoroso e penoso infligido aos espermatozoides! Quanta responsabilidade perante a Humanidade! Mas não se pode restringi-los a minúsculos seres somente enxergados sob a mira de um microscópio e, por isso mesmo, se submeterem ao trabalho escravo por não se indisporem com sua sina. Ou mesmo acusá-los de não terem noção do que representam e não valorizarem sua verdadeira dimensão, o que é próprio de mente pequena.
Procriar ou ser prazeroso? Ou a caminho do esgoto, se não resultar espermatozoides da ejaculação? Que destino cruel! Nós, homens, morrermos abraçados aos espermatozoides.