Ninguém vem ao mundo para satisfazer suas expectativas. Ainda assim, criamos essa expectativa, esperamos e cobramos por que elas ainda não chegaram. Enquanto outros também esperam que você os satisfaça, quando não se pode ignorar que estamos aqui é para cuidar de nós mesmos e, se possível, nos satisfazer. A não ser façamos a opção, quase religiosa, de cuidar dos outros.
De tanto puxar a corda pra lá e pra cá, a luta em torno de garantir satisfação só pode redundar em conflito e disputa por espaço.
Uma vez que você deixou de viver em torno de probabilidades, desapegando-se de expectativas, você aprendeu a viver. Então, tudo o que vier a acontecer pode bem satisfazê-lo – seja o que for. Como irá ficar frustrado, se simplesmente você não estava esperando nada? Desta forma, não haverá espaço para a frustração fechar o tempo e atazanar seu espírito.
Ainda mais se não se interessar por elogios, que costuma gerar expectativas. Caso contrário, também não poderá ficar sem se importar com as críticas. Mantenha-se à distância de ambas. Elogio ou crítica acabam dando no mesmo. Vaias, apupos, estranheza ou indiferença não raro se transmutam em sucesso. Por outro lado, o farto elogio provoca acomodação e a má qualidade que daí decorre, a querer repetir o sucesso automaticamente, até causar fastio e execração.
O que de melhor se tem a fazer é continuar sendo aventureiro, assumindo riscos e levando na cabeça incompreensões, que procurará destilar. Prosseguir como um livre itinerante, abusado e com fé. Confiando em sua intuição e, em nenhum momento, se esquecendo de que a vida pertence aos que investigam e não se satisfazem com meias verdades. Os curiosos se tornam expert. Os que se permitem fluir, sábios, porque sempre permanecem no curso do rio para desembocar no oceano e se tornar maior. Mais sensato do que ficar numa posição estática e se tornar um reservatório acumulando saberes de experiências não vividas.
Não há maior êxtase do que saber quem você é e do que é capaz.