Batista Cepelos nasceu em 1872 em Cotia, São Paulo. Oriundo de família humilde, realizou seus primeiros estudos com o mestre-escola local e trabalhou como carroceiro e garçom. Ingressou na força pública estadual, onde fez carreira, se destacando como capitão durante a Revolução Federalista. Atuou como jornalista e promotor, participando como poeta parnasiano do movimento intelectual da época.
Em 1906, se apaixonou por Sofia, filha do senador Peixoto Gomide, vice-presidente do Estado de São Paulo três vezes e que se mostrou contrário à união. Às vésperas do casamento, o político discutiu com a filha, matando-a com um tiro no coração e se suicidando a seguir com um tiro na cabeça. Levado ao desespero, o poeta se entregou ao álcool, abandonou o cargo público e acabou sendo encontrado vagando pelo Rio de Janeiro em estado de completa indigência. Em 1915, suicidou-se, atirando-se do alto de uma pedreira.
Sofia morreu pensando que o pai não queria sua felicidade, tornando-a cativa de seu amor.
Cepelos morreu atormentado pelo sangue mestiço misturado à ignorância quanto à sua paternidade, mas o que não pôde suportar foi saber que Sofia, apaixonada, mentiu ao pai: “Mas o senhor tem que consentir, eu já me entreguei a ele”.
Gomide, coronel político de Cotia e uma das raposas mais influentes da República Velha, era o pai de Cepelos. Matou para evitar o pecado maior – o incesto – e morreu para evitar a vergonha. E há quem não acredite em pecado original.
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