Se a vítima de um pega não fosse o filho da Cissa Guimarães, uma mulher de alto astral que anima a vida da gente, talvez passasse batida a ação de psicopatas no trânsito em que brincam de quem dirige mais rápido. Num túnel interditado para limpeza durante a madrugada, colheram o garoto Rafael que, de skate, também não estava no lugar e na hora certa para morrer tão cedo. Nós nunca iremos entender por que débeis mentais do gênero, ao insistirem que carro é brincadeira e que avenidas são pistas de corrida, não são as vítimas preferenciais dos estragos que provocam em terceiros. Talvez porque saiam de casa com o destino marcado de uma morte vir a pesar sob suas costas nessa encarnação. Uma estupidez que acaba se transformando em assassinato, mas que não trancafia idiota algum ao volante. Por sermos um país onde ainda impera a lei do mais forte e a frota automobilística pesar como símbolo de seu poder, o atropelamento é apenas um mero infortúnio no destino infeliz de quem achou por bem trocar de rumo, ao não deixar para amanhã o que não devia fazer hoje.