Leiam e se informem com Pedro Saraiva sobre médicos cubanos atenderem nas regiões pobres do Brasil. O governo fala em atrair médicos cubanos, portugueses e espanhóis, e a gritaria é somente em relação aos cubanos. Portugal já importa médicos cubanos desde 2009. Portanto, um dos países com melhores resultados na área de saúde do mundo importa médicos cubanos e a população aprova o seu trabalho. 10% dos médicos em atividade em Portugal são estrangeiros. Na Inglaterra, 40%. No Brasil, esse número é menor que 1%. Que visão curta e preconceituosa de quem é contra! Será que é melhor ficar sem médico nas áreas mais carentes do Brasil do que ter médicos cubanos? O ideal seria criar condições para que médicos brasileiros se sentissem estimulados a ir trabalhar no interior. Mas como a responsabilidade de tocar a medicina básica se encontra pulverizada nas mãos de centenas de prefeitos, isso não vai ocorrer de uma hora para outra. O que fazemos, então? Vamos pedir para os mais pobres aguentarem mais alguns anos até alguém conseguir transformar o SUS naquilo que todos desejam? Segurar as pontas porque os médicos do Sul e Sudeste do Brasil, que não querem ir para o interior, acham que trazer médico cubano vai desvalorizar a nossa medicina? É bom lembrar que Cuba exporta médicos para mais de 70 países. Os cubanos estão acostumados e aceitam trabalhar em condições muito inferiores. Nisso é que eles são bons. Fazem medicina preventiva em massa, que é muito mais barata, e com grandes resultados. Até o New England Journal of Medicine, a revista mais respeitada de medicina do mundo, publicou um artigo enaltecendo a capacidade de Cuba em fazer medicina de qualidade com recursos baixíssimos. A medicina de Cuba dá um banho em termos de resultados na medicina brasileira já que, com muito menos recursos tecnológicos e com uma suposta inferioridade qualitativa, tem índices de saúde infinitamente melhores que a do Brasil e semelhantes à avançada medicina americana (dados da OMS). Eles não viriam para cá para trabalhar em medicina nuclear (ressonância) ou fazer hemodiálises nos pacientes. Medicina altamente tecnológica e ultraespecializada não diminui mortalidade infantil, mortalidade materna, não previne verminose, não conscientiza a população em relação a cuidados de saúde, não trata diarreia de criança, não aumenta cobertura vacinal, nem atua na área de prevenção. É isso que parece não entrar na cabeça de médicos que são formados para serem superespecialistas, de forma a suprir a necessidade de uma medicina privada e altamente tecnológica. Não é preciso grande estrutura para fazer o mínimo. Essa população mais pobre não tem o mínimo! Que venham os médicos cubanos, que eles façam o Revalida, mas que eles sejam avaliados em relação àquilo que se espera deles.