Mais uma realização de Mike Leigh. Ao fim das Guerras Napoleônicas, em 1815, a Inglaterra passou a sofrer com desemprego, miséria e fome. A falta de representação popular no Parlamento originou o Massacre de Peterloo, em Manchester, noroeste da Inglaterra, em 1819, quando a cavalaria, utilizando sabres, carregou contra uma multidão de cerca de 80 mil pessoas reunidas em uma manifestação precursora, que ampliou-se em favor de outras bandeiras como direitos trabalhistas e feminismo. O filme lembra em tudo o Brasil atual. Enquanto naquele tempo o trabalhador era escravo, aqui se suprimiu direitos trabalhistas em face do patrão estar penando para manter seus negócios em pé. Juízes condenando “ladrões de galinha” com desterro na Austrália, aliados a fazendeiros e industriais mandando a Guarda Real passar a população pelo fio da baioneta. O rei Jorge, príncipe regente, nem te ligo, vivendo numa bolha conectado a trivialidades. O duque de Wellington, o herói da batalha de Waterloo, que encerrou a carreira de Napoleão, se omitiu do confronto, embora convocado para pôr ordem na casa. O que impressiona no filme é a reconstituição fiel dos padrões miseráveis nos ambientes domésticos, na indústria, nas reuniões de organização do movimento, na aparência em geral da população pobre e oprimida.