Martaxa é a forma com que os paulistas apedrejam a prefeita Marta Suplicy. Não toleram seu ar ladino soprando a poeira do bolor nas ventas empinadas de nostálgicos fiéis ao culto de tradições, como o estilo Matarazzo, que chancelou oligarquias da antiga província. Cismar em desfazer um casamento de 36 anos e três filhos com o senador Eduardo Suplicy, quem ela pensa que é? Quem lhe deu autorização? Logo com o político mais correto do Brasil, que pentelhou CPI’s e cassou dinastias que se esclerosam com golpes sujos? Não merecia ser largado por um latin lover!
Do maior calibre e tanto melhor, diga-se de passagem. Em sendo franco-argentino, Luis Favre escolhe vinho e saboreia carne com a perspicácia de um mestre. A felicidade estampada no rosto do casal de pombinhos exime o duplo sentido e agrava a inveja de paulistanas por ele ser mais jovem, no seu quinto casamento e com um crédito de quatro filhos. Deixando os homens entre irritados – o gajo é argentino! – e cúmplices, na premissa de Favre estar se dando bem. Imagem é tudo para essa sub-raça.
De onde saiu esse ideólogo para encantar a Marta psicanalista e sexóloga? Não se fazem mais Trotsky como antigamente, se Che Guevara acabou na Bolívia e Robespierre na guilhotina. “Casar com a Marta é como atingir o topo do Everest! Falta ar, dá tontura. A felicidade que estou sentindo é como a neve, eterna”, declara o noivo iluminado, embevecido com a aura que emana dela.
A noiva retribui, reconhecendo que o amor na maturidade é diferente, teve a sorte de encontrar um parceiro especial que a estimula e a faz sentir mulher 24 horas por dia. Se melhorar, estraga. Não resta mais dúvida, o amor é lindo! Fez bem à Marta em todas as vanguardas que abraçou: a eterna juventude; a vaidade que eleva a auto-estima; entra ano, sai ano, no maior pique; e a vontade de superar a tudo que se dedica. Seu olhar traquinas e maroto põe o pingo no i.
Calando a boca da torcida organizada do Eduardo, num arco que distende da tradicional família quatrocentona a xiitas mal-amadas. Caíram no vazio reparos morais quanto à inoportunidade em se separar logo que iniciara sua gestão na prefeitura. Iria prejudicar sua imagem, seu desempenho e o Partido com essa incontinência amorosa. Não tinha uma hora melhor para cuidar de amor? Vá procurar sua turma, política é coisa pra gente séria! Dê-se ao respeito nos seus 58 anos! Se quiser refazer sua vida, mantenha-se distante para que não a vejamos feliz. Isso ofende – falecem na primeira esquina os alcoviteiros.
Não perdoarão jamais o casamento na Estância Santa Rita de Cássia, vestida ao melhor estilo de um Grande Prêmio Brasil, em que cantos gregorianos anunciaram ser tudo possível quando a musa canta. A poderosa Afrodite.