O que está por detrás da notícia em rápidas palavras
  
  
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POR QUE ESSA IMPLICÂNCIA COM OS BLOGUEIROS?

O destino dos jornais em xeque. Provocado pelo documentário “Primeira página: por dentro do New York Times”, em exibição no Festival de Cinema no Rio, que sinaliza o pior dos mundos para os jornais impressos tradicionais. 
A mídia antiga no Brasil não vê maiores dramas em seu futuro por ainda serem fundamentais a ação do repórter e a fonte, bem quanto à necessidade de se estar na rua para fuçar a notícia, onde nunca se esbarra com blogueiros. Orgulham-se de como o jornalismo é feito pelas empresas tradicionais e lançam o desafio: alguém já viu blogueiro anunciar furo de reportagem? E ainda se arvoram em serem os mantenedores da democracia pelo fato de bem informarem a população, olvidando os três poderes, talvez pelo mau comportamento, em seu juízo. 
Esquecendo-se de que os blogueiros trabalham enfiados no computador, fuçando a matéria-prima impressa e descobrindo facetas, aspectos, detalhes e sutilezas que passam batido no Big Brother, seja por incompetência, falta de tempo ou olho clínico, pelo rolo compressor do noticiário do dia seguinte, desinteresse na abordagem de certas matérias ou mesmo pela linha ideológica do periódico. Mal que pode abater o blogueiro, também. 
De que adianta dizer que a grande mídia não é Deus para abarcar toda e qualquer notícia, se via de regra o jornalista é cético e ateu? Se em ano de campanha eleitoral, notadamente para presidente da República, formam um pool, com cara de monopólio, para eleger seu candidato? Com o pensamento único mandando às favas a tal da isenção. 
O blogueiro pode perfeitamente furar o caráter da notícia veiculada se for de encontro ao que o leitor procura e habitualmente não acha na velha mídia aferrada aos seus vícios. Mesmo que não concorde, mas o leve a pensar. 
O leitor não tradicional, que é a maioria no Brasil, talvez não leia os nossos jornais por não se reger conforme os chamados formadores de opinião, cuja foto para a posteridade é a de um trem que não descarrila por não sair da linha.   
A liberdade de opinião no ambiente do Facebook assusta por sua diversidade, intensidade e rapidez, a ponto de ter derrubado as ditaduras do Egito e da Tunísia num abrir e fechar de olhos. A blogueira cubana Yoani Sánchez encarou Fidel Castro, que não quis enfrentar o universo insondável da internet. 
O mundo mudou – para quem não acordou e ainda resiste. O dia em que a internet deixar de ser uma selva amazônica, o sertão vai virar mar e o mar vai virar sertão, já profetizava Antonio Conselheiro na Guerra dos Canudos, em 1897.

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Antonio Carlos Gaio
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