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POR QUE O TESÃO NÃO É SUFICIENTE PARA ATESTAR A VERACIDADE DO AMOR

Há um clique que dispara o amor quando um casal se encaixa na tão aguardada primeira penetração ou naquela em que ambos se entregam livre de pressões. Os homens costumam atribuir ao tesão. Somente a continuidade poderá desmenti-los. O engate é tão fantástico que, mesmo prolongando a relação sexual aos quintos da eternidade ou encurtando-a para um estágio próximo da ejaculação precoce, não elimina o efeito da certeza: igual a essa, eu nunca vi. A pegada é diferente, incessante e aflita a busca pelo sexo do outro, o beijo concomitante à penetração não é o mesmo desferido com os corpos apenas grudados. É quando a expressão “comer” adquire uma significância que deixa no chinelo fazer amor, embora as mulheres achem chulo por se porem no lugar de objeto, e o dicionário romântico não vislumbrar opção menos contundente.
Pois ambos necessitam do corpo e do amor do outro. Não é espírito, é carne. Se pudessem, penetrariam na alma corporificada e invadiriam o terreno alheio, a vasculhar o que esse amor maravilhoso possui nas entranhas para ter acionado uma taquicardia, em ato confesso de paixão. A ponto de aflorar manchas, arranhões e coceiras, como marcas indeléveis do trator que passou por cima do casal em estreita comunhão.
Ainda assim, a sexualidade rasgada não é suficiente para atestar a veracidade do amor. Muito embora, sem dúvida, anuncie uma nova jornada em que se renova a assinatura da esperança e enche a alma de fé. Não tem como dissociar o amor do sexo. Se a volúpia da paixão posteriormente ratificará o volume do amor que se derramará por sobre sua cabeça e o benzer, só o tempo dirá! Não cabe hesitar, recuar, tergiversar, declarar-se insatisfeita à procura de segurança na felicidade. Nada como a faculdade de agir com liberdade.
Portanto, prejudica esconder-se atrás de um ar meio duro, mesmo a título de se defender do estranho amor que a possuiu. Um amor que a emprenha e a preenche com mais amor ainda. Um amor que lhe confere muita coragem e revigora seu ânimo, mas que assusta ao se manifestar como uma criança sem limites e que se apodera de seu bom senso. Que medo do amor mandar no seu juízo e triturar a necessidade que temos de ser racionais para bem gerir a vida! Dá vontade de fugir! Sobretudo quando ele frequentemente repete que sente um tesão descomunal por você e que nunca amou ninguém assim, no auge do orgasmo.
Será que é pra sempre? O tesão não é uma instituição que, para se preservar, precise ser tombado pelo Patrimônio Histórico. Senão, ele não se sustenta e falece. Os ingredientes para mantê-lo vivo não se encontram numa bula de remédio. O tesão vai ser testado.

Antonio Carlos Gaio:
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