É tempo de abandonarmos o curso monotemático do rio, por vezes monótono, e optarmos por uma das margens seguindo por bandas, mesmo que inóspitas, à procura da Terra da Promissão que todo ser humano tem no seu horizonte. Se não ousarmos, acabaremos por restar à margem de nós mesmos. Devemos escolher para não encolher. E assumir o que desejamos ser, o que nos completa, para não corrermos o risco de ir a pique, prematuramente. E de lá não voltarmos mais, porquanto a imersão nesse estado de espírito pode acarretar diversos males físicos e emocionais, nos quais abraçaremos o nosso coveiro: a depressão em meio ao pânico. O vazio, a angústia, o choro, a melancolia que, se predominam, antecipam o limbo.
Será por isso que vivemos de maneira tão superficial? Para evitar dar de frente com esse autêntico filme de terror? Julgando o ponto de equilíbrio as águas mansas, a intranquilidade é o vilão.
Contudo, o encontro com nossa essência nem sempre transcorre em águas tranquilas. Primordial para nos conhecermos melhor é afastar o que não cabe mais dentro de nós, definitivamente repudiando o que disputa espaço com nossa alma. Na verdade, o que nunca fez sentido algum para nossas escolhas de vida. Sabotando quem queremos ser, mesmo que não o possamos ser na integralidade. Na margem de erro, justamente para aprendermos a conviver com erros, falhas na execução de planos e imperfeições, que tanto nos aborrecem.
Esta é a mágica a ser tecida, como um tecelão de sol a sol tecendo à mão a malha de sua existência.