Eu nunca vi uma árvore ser tão insultada, achincalhada e desprezada como foi por um presidente da República. Se vindo da boca imunda de um madeireiro, normal. O que é pior, queimar a floresta da Amazônia e, em decorrência, sua fauna, ou a população ser diariamente assassinada pela polícia militar gozando do álibi da caça implacável aos bandidos? As duas perversidades provêm da mesma origem, do menosprezo pela árvore que nos dá frutos, suculentos ou simbólicos, instância que Bolsonaro não alcança, e da apologia ao armamento com o gesto da arminha de modo a nos matarmos uns aos outros. A “porra da árvore” oxigena o ambiente, atrai a água que vem dos céus, promove a sombra que nos protege de canículas, enraíza todos nós na mesma vibe, cria vínculos. As árvores são incapazes de fazer mal a alguém, se pudessem, abraçavam umas às outras numa irmandade que supera qualquer religião, mesmo porque antecedeu à crença em milhões de anos, senão bilhões. Todavia, voltar tão atrás para o Bolsonaro é demasiado para sua mente de um micróbio ou vírus, ele só retrocede até a escravidão, no máximo ao Brasil Colônia. A “porra da árvore” já foi, em fábula, uma escadaria para alcançar o céu. A “porra da árvore” jamais servirá de jazigo, muito menos para milicianos, as raízes não permitiriam, não convivem com o fétido e pútrido, pois que, por meio delas, o material orgânico é utilizado para nutrir-se, crescer, florescer, evoluir, estender seus braços para acolher os necessitados, os pássaros que tecem seus ninhos e criam sua ninhada.