Quando você me olha, com aquela cara de quem quer mais, sempre recorro à minha mania de preencher o silêncio com palavras inúteis. Falo a primeira coisa que vem na cabeça. Não estou puxando conversa. Estou apenas tentando abafar o meu desejo que fica gritando dentro de mim. Fico com medo de você ouvir, por isso sempre mudo o foco da prosa para coisas corriqueiras. Para evitar o constrangimento de ter que dizer a verdade. Por que a gente não marca aquele jantar que ficou combinado lá atrás? Por que a gente não tira a prova dos nove, depois de tantos anos de desejo conjunto? Por que você não cala a minha boca com um beijo?
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